Estou
num dilema, mas daqueles bons de resolver.
Tenho
que encontrar para quem doar a obra completa de Brecht para Teatro,
uma coleção de 12 volumes, lançada pela Paz e Terra, há umas três
décadas mais ou menos.
O
dilema é que tem muita gente que quer a coleção, mas eu gostaria
de entregá-la para quem fosse realmente utilizar a obra, e não para
ficar depositada numa prateleira qualquer, por mais honesta que seja a
biblioteca.
Estou
pensando em procurar o pessoal do Dunas, ligado a turma do Ponto de
Cultura “Outro Sul”, que vem produzindo um pouco de tudo:
música, literatura, dança, e, talvez, possa produzir teatro também.
Quem
sabe o teatro do camarada Brecht encenado nas ruas de um dos bairros
mais pobres de Pelotas? E por quê não?
Brecht
é aquele alemão, dramaturgo e poeta, autor de “A
ópera dos três vinténs”
e “O
casamento do pequeno burguês”,
entre outros épicos, mas que ficou famoso no mundo ocidental –
mais afeito as frases rápidas e de efeito – pela expressão que
embalou inúmeras gerações de marxistas: “Há
homens que lutam um dia, e são bons;
Há outros que lutam um ano, e são melhores; Há aqueles que lutam muitos anos, e são muito bons; Porém há os que lutam toda a vida, Estes são os imprescindíveis”.
Há outros que lutam um ano, e são melhores; Há aqueles que lutam muitos anos, e são muito bons; Porém há os que lutam toda a vida, Estes são os imprescindíveis”.
A
frase, cunhada como símbolo de perseverança na luta por um mundo
mais justo, mais fraterno e mais solidário, era para ser um conceito
da vida; entretanto, pelo que se vê nos dias atuais, parece estar
mais para teatro. Brecht sabia.