(Para o Arnóbio, para o Sérgio Canhada, para a Carla Hernandez e para os demais membros do Grupo “Defensores do Patrimônio Histórico e Cultural do Arroio Grande”)
Sempre
se disse, ou sempre se ouviu dizer, que as primeiras fotografias
conhecidas do Arroio Grande, um conjunto de pouco mais de meia dúzia
de imagens – duas da Igreja Matriz; duas da rua principal no
sentido Sul–Norte, uma delas mostrando homens em frente a um
armazém no encontro entre as atuais Rua Dr. Monteiro e Rua Dionísio
de Magalhães; duas da atual Rua Dr Monteiro no sentido Norte-Sul,
uma delas mostrando o imponente prédio que ficaria conhecido como a
“Pharmácia Maciel”; e, finalmente, duas da atual Av. Visconde de
Mauá no sentido oeste-leste, mostrando o prédio comercial que se
tornaria a “Casa São Paulo”, no esquina com a atual Rua Dr.
Monteiro –, pois sempre se falou que essas fotografias são datadas
do final do Século XIX ou do início do Século XX, mas sem qualquer
precisão acerca da data das imagens.
Muito
se especulou também sobre a autoria de tais fotografias, algo
incomum por aqui há 120 anos, nesta quase esquecida zona de
fronteira onde estava se constituindo o Arroio Grande.
Por
outro lado, também sempre se ouviu dizer que essas primeiras imagens, dos prédios então "modernos" do Arroio Grande, foram produzidas por um fotógrafo profissional que, em
período impreciso, teria se aventurado a fotografar algumas cidades
da região, entre elas Jaguarão, Herval e Arroio Grande, com a
finalidade de expor as imagens desses municípios.
Pois
agora, um trabalho do pesquisador Adão Monquelat, intitulado “O
fotógrafo Augusto Amorety em Pelotas”1,
lança algumas luzes sobre a obra do artista fotográfico Amorety,
que manteve um renomado estúdio em Pelotas por mais de 25 anos,
entre 1876 e 1902, quando o atelier teve as portas fechadas, ao que
se sabe em definitivo.
O
trabalho de Monquelat não faz qualquer referência a passagem de
Amorety pelo Arroio Grande, se é que ela realmente ocorreu, mas
deixa uma pista ao dizer que o “conceituado profissional” teve,
em 4 de julho de 1901, a sua galeria “aumentada com a bela
coleção de fotografias com que aquele fotógrafo concorrera à
Exposição Estadual”.
Ora,
sabendo-se que os prédios que aparecem nas primeiras fotografias
conhecidas do Arroio Grande – correspondentes à “Casa São
Paulo”, à “Pharmácia Maciel” e ao “Café Central”, entre
outros – foram erguidos próximo a 18802,
e que o fotógrafo Amorety percorreu parte do Estado antes de fechar
as portas do seu estúdio em 1902, tendo antes concorrido em uma
“Exposição de Fotografias” a nível estadual, provavelmente em
1901, é possível supor-se que esse "primeiro retrato" da Cidade tenha sido captado por aquele profissional (se é que foi
realmente ele o autor das imagens3)
exatamente na virada do Século XIX para o Século XX, ou seja, entre
1890 e 1900.
Isto
pode não ser exato, mas, como se disse, é uma luz para os
pesquisadores e historiadores da Cidade que ficam, desde agora,
provocados a responder a essas duas questões: 1º) quem foi o autor
do conjunto das primeiras imagens conhecidas do Arroio Grande? 2º) quando (em
que ano) elas foram exatamente produzidas?
Com
a palavra, os especialistas.
1
- Publicado no jornal Diário da Manhã, de Pelotas, edições
conjuntas de 23/24 de janeiro e 30/31 de janeiro de 2016.
2
- Curiosamente, a edificação conhecida como “Sobrado dos
Lisboa”, um dos símbolos da Cidade, cuja construção data de
1864, não aparece (?) nesse “primeiro conjunto” de fotografias
dos prédios do Arroio Grande.
3
- Sérgio Canhada tem outra hipótese: a de que seria Afonso Carlos
Amorety, irmão de Augusto, o autor das imagens. Tal suposição vem
do fato de que Afonso, também fotógrafo, contraiu matrimônio com
“uma Souza Gusmão” (descendente do), em Arroio Grande, por volta de 1880, tendo
se dedicado, então, a fotografar os principais prédios da Cidade.
* Créditos das fotografias: Acervo do autor, Profª Flávia Corrêa, Dr. Sérgio Canhada, não necessariamente na ordem em que serão expostas.
* Créditos das fotografias: Acervo do autor, Profª Flávia Corrêa, Dr. Sérgio Canhada, não necessariamente na ordem em que serão expostas.