Entre os lugares mais emblemáticos do Arroio Grande existem dois que têm muito a ver com o nosso verão, não obstante presentes o tempo todo na vida e no imaginário dos arroio-grandenses.
Um deles, o
arroio Grande; o outro, o
Farol da Ponta Alegre, ambos de extremo simbolismo para o nosso município.
Vou aproveitar este início de janeiro para falar um pouco da história desses dois lugares, começando pelo arroio Grande.
Originado da junção de diversas sangas que se avolumam à medida que se aproximam dos cerros de São João do Herval, o arroio Grande nasce numa serra (mais precisamente num charco existente ao Sul da
Coxilha da Tuna)
[1] próxima à cidade do Herval, a uma altitude aproximada de 280 metros.
Depois de percorrer 36,7 milhas em curso extremamente sinuoso e irregular, deságua no Sangradouro da Lagoa Mirim, na latitude 32°20’36” S e longitude 52°47’10” W, onde há uma estaca quadrada marcando sua barra. Desemboca na ponta de uma península 3,5 milhas a noroeste da Ponta Alegre, próximo ao local conhecido como
Pontal, no 3° Sub-Distrito do Município que leva o seu nome. Na barra, apresenta profundidade mínima de 1,90 m.
Possui matos em ambas as margens, intercalados com barrancas limpas e baixas. É chamado de arroio
Grande, porque está no limite de tamanho entre o arroio e o rio. Dizem alguns que por pouco não foi chamado de
Rio Pequeno.[2] Também consta da cartografia pátria possa ter sido conhecido, em determinada época, como
Rio dos Tapes[3] (Tapes = lugar dos caminhos); entretanto, tal denominação pode ter sido dada ao arroio Chasqueiro, sendo o mapa referenciado impreciso nesse sentido. Tem como principais afluentes da margem esquerda, os arroios: das Capoeiras, Esmerlinda, Pitangueira, Arachanes e Sanga do Corrente.
[4] Na margem direita, o Teapuí (Capuí) e o arroio das Pedras (onde fica o
Passo do Simão, citado por alguns também como arroio Simão
[5], isto é, com nomenclatura própria).
Comentam os navegadores que a navegação de maior porte no arroio Grande é interrompida a poucas milhas de sua foz por uma rede elétrica que atravessa seu leito. -
“Não fora isso, poderia se navegar, com boa profundidade e largura, ainda por várias milhas”[6] – diz o jaguarense Décio Vaz Emygdio, acostumado a velejar pela região.
Os habitantes da cidade a qual ele dá o nome acostumaram-se a utilizar as águas do arroio Grande, própria para banhos, assim como também as suas margens para jogos e divertimento, especialmente na presente estação. Desde a chamada
“Ilha dos Bancários” e à
Hidráulica, ambas a oeste da zona central, passando pelo atual “Balneário da Ponte”, localizado junto à Ponte Carlos Barbosa – que fazia a antiga ligação com a estrada que levava ao Município de Jaguarão – e pelas diversas propriedades rurais da localidade (a
Instalação,
os Conceição, também o antigo
Porto do arroio Grande...), até desembocar na Lagoa Mirim, próximo à Praia do Pontal, atual expoente de recreação e lazer do Município.
Como descrito pelo escritor Paulo Squeff Conceição, em crônica recente:
“Andei por águas de boa parte deste mundo. De fato, os banhos do arroio Grande não são grandiosos como os da Polinésia e do Caribe, mas que o tempo em que os vivi foi o mais feliz da minha vida, foi”.
[7]E assim tem sido para todos que têm a felicidade de conhecer as suas águas, as águas de um grande arroio, as águas do arroio Grande.